Hoje me deparei com uma cena tão triste que de dentro do ônibus meus olhos se encheram de lágrimas. Um menino, tão magrinho que eu mal podia definir sua idade. Enrolava seu cabelo com os dedos, já enrolado de tão sujo. Via-se claramente a vergonha em seus olhos e como ele precisava criar uma coragem inexistente dentro de si para abordar as pessoas na rua.
Automaticamente entristeceu-me o coração ao ver uma senhora que passava e nem seu olhar levantou para o menino. O pior de tudo foi a expressão dele, de dor, tristeza, desamparo. Minha vontade era tocar o sinal e sair do ônibus.
Por quantas vezes estamos com nossa roupa de marca, comendo aquela refeição maravilhosa da nossa mãe e a verdade é que não temos coragem. Coragem de olhar pro outro e ver todo aquele sofrimento que bate de frente com tudo que queremos fugir.
É muito mais cômodo pra nós continuar vivendo nossas vidas e não olharmos pro lado, para aquele que sofre, que chora. Porque sabemos que quando paramos, damos atenção, estamos nos comprometendo com o sofrimento do outro. E já temos os nossos próprios problemas pra carregar, né?!
Ser indiferente ao sofrimento do outro é fazer da tristeza dele pouco caso. Reclamamos de tantas coisas todo o tempo, ao invés disso, poderíamos ajudar àqueles que não tem escolha de fazerem diferente.
Às vezes tudo que aquele menino precisava era de um olhar atencioso, que demonstrasse amor para com ele. Não temos ideia do que ele passa todos os dias, todos os "não" que ele levou na vida, todos os dias que ele passou com fome, frio, sem lugar pra dormir. E ainda assim, mesmo que ele precisasse de dinheiro, o que acalentaria aquele coração era um olhar, um olhar que o abraçasse. Um olhar que dissesse "Eu posso enxergá-lo, eu vejo seu sofrimento, eu estou aqui.".
